Em Recife, GFC 63 luta contra o câncer de mama

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Texto Gustavo Bione

Dizem que a sorte se apresenta sempre que oportunidade e competência se cruzam pelo caminho. E já que, em matéria de luta, competência é o que não nos costuma faltar por aqui, acredito que o universo das Artes Marciais Pernambucanas tenha tirado a sorte grande dessa vez.

Isso graças a um contrato fechado entre o Clube de futebol Náutico Capibaribe e a mais consolidada organizadora de eventos de MMA do Nordeste –  o Grand Fighting Championship. Mas, para conseguir aproveitar a oportunidade que essa parceria representa, é preciso ter em mente uma das mais importantes premissas da cultura de tatame: é ingênuo todo aquele que acredita evoluir sozinho.

Então, por gentileza, seja você professor, empresário, atleta ou apenas um praticante interessado em evoluir junto com o coletivo da luta, faça o favor de ler este texto de forma crítica – peneirando minhas observações de acordo com sua própria bagagem de mundo e, ao final, compartilhando sua opinião na sessão de comentários.

O GFC 62 abriu no último dia 25 uma série de 12 eventos de MMA que acontecerão no Clube Alvirrubro entre setembro de 2018 e setembro de 2019. E tirando o fato de existir toda uma estrutura de transmissão ao vivo montada no local, das três lutas internacionais do card principal e da ring-girl famosa carregando a plaquinha, à primeira vista, a coisa toda não me pareceu assim tão diferente de outros eventos que acontecem esporadicamente no estado.

Mas isso até pouco antes da primeira luta da noite começar, quando o mestre Jesiel Andrade despretensiosamente me disse: “Está me lembrando muito a velha TV RING TORRE. Uma época  em que tínhamos luta toda semana no Clube Português e em que o Vale-Tudo era tão popular quanto o futebol aqui no estado”.

O comentário do mestre não atuou sozinho na minha mudança de perspectiva. Minutos atrás, do outro lado do clube e sem ter tido contato algum com Jesiel, Evandro Silva, o empresário responsável pelo GFC, tinha feito a seguinte afirmação: “Não fechei o maior contrato já fechado entre um time de futebol e uma organização de eventos de MMA à toa. Um dos meus objetivos de vida é fazer com que o público pernambucano consuma Artes Marciais Mistas com a mesma paixão que consome o futebol local”.

Foi a coincidência do link entre a lembrança do mestre e o intento do empresário que me fez parar para imaginar uma sociedade com tantas crianças matriculadas em dojôs, quanto em escolinhas de futebol. E por mais utópico que o cenário possa parecer, peço que você também faça este exercício de visualização mental por alguns instantes: imagine os benefícios psicológicos, sociais e, por que não, econômicos derivados de uma sociedade que consome artes marciais com o mesmo nível de paixão com que consome futebol.

Regularidade é, e sempre foi, um dos princípios evolutivos mais importantes – seja para evolução de um indivíduo, para evolução de uma modalidade esportiva ou para evolução de uma sociedade como um todo. E regularidade é o que não temos aqui no estado desde a TV RING na década de 60.

O fato de contar com um calendário de um ano inteiro com eventos de MMA todo mês faz completamente toda a diferença. Principalmente por existirem atletas do estado lutando em cada um deles. “Think global act local” é o que preconiza a boa e velha escola do marketing e explica, por exemplo, por que alguém que não se preocupou em ligar a TV para assistir Mcgregor e Khabib sábado passado na luta de MMA mais lucrativa e polêmica da história, estará no Clube Náutico no próximo dia 25 para ver a vizinha, namorada, prima, sobrinha ou filha lutar?

O GFC 63 terá parte de sua bilheteira doada ao hospital do Câncer de Pernambuco como forma de fortalecer a Luta contra o Câncer de Mama, internacionalmente celebrada no mês de outubro. Intitulado de As Damas do Cage, o evento surpreenderá os presentes com os combates femininos mais duros que o nosso estado já presenciou e um camarote reservado para mulheres que enfrentam ou já enfrentaram a doença.

Mas para não deixarmos o cavalo selado passar batido, é necessário que todos nós façamos nossa parte enquanto formadores de opinião. Leve seus alunos, clientes e parceiros de treino para verem e serem vistos pela comunidade das Artes Marciais. Jiu-jitsu, capoeira, muay-thai, Karatê, taekwondo… No fim das contas, todos estão buscando a mesma coisa: evoluir.

E… como já disse no início do texto: ingênuo é aquele que acredita evoluir sozinho.

GFC 63 – Damas no Cage
Clube Nautico Capibaribe
25 de Outubro de 2018
20h

Card Principal (MMA)

01 – 52kg Jaine Aguiar-PE vs Luana Medeiros-RN
02 – 57kg Ilara Joanne- RN vs Cristiane Lima-BA
03 – 60kg Julia Maju-PE vs Tamires Pereira- RN
04 – 52kg Penélope Fernando-PE vs Rita Bonifácio-PE
05 – 52kg Dina Barbosa-PE vs Camila Bezerra-RN
06 – 57kg Waleska Caroline-AC vs Ravena Oliveira-BA
07 – 52kg Ana Verena-PE vs Ingrid Silva

Card Preliminar (Submission)

08 – Tamires Carla (Nordeste Figth) vs Teciana (GFTeam)
09 – Shirley – (ZRTeam) vs Lindacy (GFTeam)
10 – Sabrina Gondim (Checkmat) vs Jeane (Arena Feitosa)
12 – Katharine Willmer (Rilion Gracie) vs Vandreza (ZRTeam)

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