Tempo de luta: 5 minutos com o cidadão Francisco Sá, o Sazinho

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Texto e Foto – Junior Samurai

O MeiaGuarda não se prende, a saber, o que o atleta treina ou come, se um dirigente consegue um patrocinador ou aumenta a premiação de seu evento, não, tentamos mostrar também o outro lado, aquele que poucos conhecem. De olho nisso, conversamos com Francisco Sá, o Sazinho, que além de faixa-preta 6 ºDan e presidente da Confederação Brasileira de Lutas Profissionais, também é um cidadão que tem suas alegrias e tristezas. Confira abaixo:

MeiaGuarda – Se você pudesse organizar o maior campeonato do mundo, como seria?

Sazinho – O respeito e o comprometimento, que são nossa marca registrada nos levariam a formulação de um grande planejamento, com todas as suas etapas e cronogramas pontuados, estes, através de consulta aos notáveis de cada área. Os recursos demandados que precisaríamos para efetivação do evento deveriam ser obtidos por uma equipe montada e preparada de forma categórica para atingir as metas estabelecidas, pois, essa fase de cooptação de recursos é mais dolorosa. Sempre digo que quando conseguimos um apoio, já tinha sido finalizado no mínimo vinte vezes. Vejam, que desde a montagem do EDITAL, CRONOGRAMA, RESERVA DE LOCAIS, HOTEIS E PASSAGENS AEREAS, e muitas outras coisas, como transporte do material (tatames, pódio, placares tvs lcd + not books, cavaletes, banners, etc.) A formulação das artes que irão nas medalhas, cartazes, e demais meios, tem minha participação efetiva. Todos os detalhes têm que ser observados. Nossos atletas, professores, patrocinadores e publico em geral merecem tudo isso.

Na verdade sempre trabalhei assim, pois, a cada evento que promovo sinto que estou fazendo como se fosse o melhor do mundo. Por isso, a cada dia vamos melhorando detalhes que precisam ser corrigidos, sem esquecer que temos a obrigação de acrescentar algo que de um Plus nos eventos sob nossa responsabilidade. A segurança, o atendimento médico, o cronograma, a informação e divulgação do evento e das diversas etapas que o compõem, são fatores que merecem nossa observância. Procuramos a qualidade total, dar conforto aos atletas, pois, eles têm que se programar e saber até os horários de alimentação, isso requer um cronograma eficiente e responsável, e disso eu não abro mão. Na parte estrutural a demanda de recursos é fundamental, por envolver além dos equipamentos, como som, estrutura de pódio e premiação, entrevistas e para os familiares e demais que queiram tirar fotografias, para isso contamos com vários backdrop. Isso é respeito e seriedade. Peço a DEUS todos os dias força e motivação para continuar a frente dessa prazerosa e cansativa missão, “Colocar nosso Jiu jitsu em um patamar superior, aonde o respeito conquistado não seja apenas dentro do nosso meio, mas por toda a sociedade, vejam e comparem, aqui temos comprometimento de verdade. Assim todos saem vencedores, sendo mais valorizados!”

Se tivesse 18 anos, no auge, quem gostaria de enfrentar no Jiu-Jitsu? E qual seria a tática para vencer?

Na verdade sempre entendi que meu maior adversário seria eu mesmo, nos somos a maior barreira, esta difícil de ser vencida. Nossos medos e receios, o nosso desconhecimento a respeito de qualquer setor da vida em sociedade nos torna vulneráveis. Entendo que falando sobre adversários, estes todos que enfrentei nos tatame e ringues, os agradeço por estes momentos, pois, os tenho como irmãos e quem venceu ou perdeu, na verdade não venceu nem perdeu. Entendo que todos nós ganhamos de certa forma. A vaidade pertence, aos mais imaturos e egoístas, que entendem que sua vitória é a única coisa que importa, e isso, no míope entendimento destes poucos os tornam dono dessas pseudoverdades. Vejo aos quatro cantos falarem em humildade, mas vendem a vitória como a única coisa que interessa, em detrimento dos valores, bem estar e as diversas facetas positivas proporcionadas pelo esporte. Falando em 18 anos, sem duvida seria enfrentar os melhores da atualidade, como RODOLFO VIEIRA e BUCHECHA. Aprenderia muito, tentando sobreviver as suas investidas rápidas e técnicas.

Maior dor que já sentiu?

Fisicamente um pinçamento na cervical, dor que se irradia em um local distante da lesão, mas parece que você esta sendo atravessado por uma lança em brasa, causado por um acidente de carro. A maior dor de verdade foi a perda da pessoa mais querida de minha vida, minha mãe a Dona Maria do Socorro Pinto Sá. Ela esta comigo em pensamento todos os dias de minha vida. Desconheço dor maior! Ela esta muito bem no seio do Senhor! Amém!

Qual foi última vez que você se emocionou?

O Junior Samurai esta procurando meus pontos fracos… rsrsrsrsrs… Fui educado quase de forma espartana, para não sentir dor, ou melhor, falando não é não sentir dor, mas não demonstrá-la. Desaconselho isso a todos, pois, sem demonstrações muitos pensam que você é um ser frio e sem sentimentos. Têm muito momentos que me emocionam, desde a perda do amigo Jean Mesquita no campeonato Mundial no Rio de Janeiro, a partida para os EUA do meu Irmão GUYBSON SÁ, até uma cirurgia de alta complexibilidade, que uma pessoa amiga irá fazer me levou as lagrimas. Às vezes após um evento me recolho agradeço ao Senhor e ali solto minhas angustias em forma de emoções, pois, sei como é levar um fardo pesado e ter que resolver as mais difíceis demandas dentro de um ambiente muitas vezes hostil. Temos que avançar muito no nosso esporte em direção a disciplina e educação.

O que faz você sorrir?

Ao cumprir a missão, ao observar a satisfação de todos pelo trabalho realizado, as crianças, professores e familiares dos atletas tirando fotos na área que você preparou com todo carinho para eles. Saber que todas as escolas de Jiu jitsu do nosso Ceará estão repletas de alunos, e que a visibilidade proporcionada por nós foi fator fundamental para essa conquista coletiva.

Se pudesse voltar o tempo, mudaria algo que se arrependeu?

A volta ao tempo é impossível, mas com certeza muitas coisas eu corrigiria ou deixaria simplesmente de fazer, pois, em determinado momento nos afastamos de pessoas que mereciam a nossa atenção e as deixamos de lado, em outros demos atenção a quem nunca mereceu se aproximar de nós, pois, alguns destes no momento seguinte viraram-se e articularam contra nós. Acredito que isso deva ser uma constante na vida de todos nós. Não tenho sentimentos pequenos como magoas e ressentimentos, minha consciência esta limpa e sempre soube ser um provedor dos amigos e dos que me procuram.

Maior preocupação no Jiu-Jitsu atual?

A formação moral dos professores e atletas, pois, entendo que o esporte deva ser um veiculo de educação, quando vejo um professor desesperado por uma situação gerada por discricionariedade pelos responsáveis pela arbitragem, estas muitas vezes envolvendo crianças ou adultos. Observo nitidamente o despreparo desses pseud. professores e fico deveras triste, pois entendo que temos que conversar em tom de respeito e resolver as diversas demandas dentro de um grau superior de civilidade. Lembrando que a educação vai refletir na vida fora dos tatames, e professores despreparados podem estar colocando, seus traumas e angustias em forma de armas técnicas nas mãos de inocentes despreparados.

Um Bate-Pronto

Uma palavra- DEUS!
Um filme- A VIAJEM.
Alguém- Jesus
Um golpe- hadakajime
Mestre Sá- O Pioneiro
Uma luta de Jiu-Jitsu- Rodolfo vs Buchecha no Mundial 2012.

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